quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O ataque


Eu já deveria saber... aquele dia estava diferente.
Era final da tarde, e estava intertida na internet, quando ouvi os berros desesperados, assustadores e profundos. Senti que, nesse momento, a adrenalina aumentou radicalmente. Dei um pulo da cadeira, e corri em direção ao barulho medonho. É claro que, a esta altura, eu já sabia de que se tratava.
Vinha do quintal de casa, e os dois estavam lá, agarrados e melados.
Nunca pensei que chegariam a tanto, mas quis acreditar que seria como das outras vezes, uma bobeira de nada, que logo passaria e ficaria tudo bem. Engano meu. Comecei a gritar para que eles parassem, mas vi que dessa vez era diferente. Ele não me ouvia, apesar de todo meu esforço, para fazer pará-lo. Peguei uma cadeira estava próxima, e usei-a como escudo, para afastá-los, em vão.
Então, minhas forças estavam se esvaindo e o chorou tomou conta de mim. Quase não conseguia olhar, sinais de sangue, e dor. O gemido que saía era de socorro, mas eu já não podia fazer nada, porém, ali ficava.
Assim, minha mãe apareceu e tentou tirar-me dali, mas eu não queria sair, não podia deixá-lo sozinho.
O vizinho olhou pelo muro, e tentou ajudar, chamando - o para que o outro pudesse escapar, e ainda assim, quase nada pôde fazer.
Eu não queria pensar, mas algo me dizia, " Acabou"!
Porém, como num filme de herói, um veio nos salvar. Meu pai chegou, e só ele podia afastar. E assim o fez, tirou o Pitt Bull, e pude pegar o salsichinha que ha tantos anos nos acompanhava.
Ele estava todo machucado, coitado, não podia se esquivar. Mas vi em seu olhar, de sempre, calmo e sereno, e eu só conseguia chorar.
O Pitt Bull foi levado para outro lugar, e dessa forma, ficaríamos bem. Ele era muito tranquilo, brincava, e era tão manso! Ninguém sabia o que ele escondia. O problema era que ele não podia dividir a comida, a atenção, o espaço. E por ser egoísta, nunca mais verá nossa casa.
Foi trágico aquele dia, mas ficou tudo bem. A vida não é só alegria, há tristezas também.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O pé de acerola...


Aqui em casa tem pés de acerola.
Na maior parte do tempo ele fica ali, estático, sem vida e sem cor.
Ninguém o olha, ninguém o quer. Parece não estar ali, ou ser uma arvorezinha qualquer.
Mas assim, logo que não se espera, ele surge!
Gigante, majestoso e cheio de graça.
Tudo se transforma, se renova.
Quem não olhava, só faz admirar, e todos que passam por ele, quer uma fruta tirar.
É criança, jovem, adulto, ninguém deixa escapar!
Porque o povo assim?! Não gosta de plantar?!
Não gosta de cuidar, pois é mais fácil só pegar...