Quem dera falar tu, óh Pantanal! Fagueiro e triste! Que outrora cantavas redobrando na curva, farto de cores, farto de amores!
Quem dera falar tu, óh Pantanal, de seus mistérios, tão mais misteriosos que a própria imaginação conhece, de seus mais doces encantos e cantos desconhecidos!
Falar de seus tempos tão intocáveis e admiráveis, onde a fartura a fartava de brilho sem fim, e tão lindo e harmonioso, com cada detalhe, cada som, que fazia um ritmo miraculoso aos ouvidos, sereno e profundo, como suas profundezas reluzentes pela luz do sol, levando as flores repousadas na água, pelo vento, tão viril e delicado!
Falar de seus sussurro, no cair da noite, onde a lua reflete na escuridão negreira, sendo parte da platéia de uma cantoria mista, de alguns que só fazem festa a noite. E mesmo em tempestade, ainda faz um show natural, sem ensaios e nem articulações!
Quem dera dizer, sobre o lindo amanhecer, despertando tudo e todos, fazendo o alvorecer, e despontando novos sabores, novos encantos...
Mas... quem dera poder falar tu, óh Pantanal, tão triste, solitário e vazio... Vazio que cada vez é maior, mais medonho e sombrio.
Que agora o silêncio é maior, que ninguém ouviu, as cores se apagam, mas ninguém viu, que o canto parou, mas ninguém percebeu e nada parece ter importância, pois até seu brilho se perdeu!
Hoje andas tão destruída, e já não pode mais cantar, não há mais nada além de restos a desmanchar, nem o sol pode brilhar, nem a lua iluminar, pois dá tristeza só de olhar! Tudo aquilo que existia, só na memória consegue ficar, daqueles que amam e sabem cuidar, mas que são tão poucos, que nada parece adiantar!
Quem dera poder falar sobre seus maiores medos, e noites que dorme, frio e cálido... falar sobre os pesadelos vivos na realidade de quem está vivendo e não pode viver mais!
O Pantanal vai se esfarelando, com a pouca brisa que teima em ventar, e quando venta, leva mais tristeza no olhar, a fumaça escura, a cinza tão forte, o fogo intenso, e a falta de ar. Os campos verdes, são raros e nem dá para notar, as águas cristalina, não existem mais, só o silêncio é quebrado com o barulho de máquinas em árvores cortar, só o som do fogo, a vegetação queimar, e só o urro de despedida dos animais, faz o coração cortar...
E aos poucos, tão fraquinho e sozinho, vai parando de bater, e ao fechar os olhos, só a lembrança consegue ter, parece estar tudo perdido, e nem esperança consegue suportar tanta destruição, tanto orgulho, tanto homem a acabar, acabar com sonhos, com a realidade, com a lembrança, pois em breve, nem ela será capaz de aguentar as ações dos homens que esqueceram de te cuidar, e no silêncio mais profundo, infelizmente, se despede devagar, deixando profundas saudades e arrependimento nos homens que serão imortais..!
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